Não serão o recesso parlamentar de janeiro nem as dúvidas que ainda pairam sobre o rito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff imposto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que farão o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dar descanso ao Palácio do Planalto. Ele espera que até o fim de março a Casa já tenha enviado ao Senado a decisão sobre o afastamento da presidente. Para isso, antes mesmo da publicação do acórdão (decisão) pelo STF, vai apresentar embargos de declaração para esclarecer dúvidas em relação ao rito do procedimento. O presidente da câmara argumentou haver jurisprudência suficiente para sustentar a apresentação de recursos antes da publicação. “Vamos embargar, apesar da ressalva feita pelo presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, de que não há uma pacificação”, afirmou.
Mas a certeza de que Dilma não teria chances de escapar de um impedimento está balançada. Cunha já considera que o governo possa garantir os votos de um terço dos 513 deputados para encerrar o processo ainda na Câmara. Cunha reconhece que pode ser o palácio consegue um terço (do plenário) para barrar o impeachment. Mas segundo ele, não será com um terço da Casa que manterá a governabilidade até o fim do mandato. Para o presidente da câmara dos deputados, o desgaste do governo, acentuado com o pedido de impeachment, terá consequências danosas nas eleições do ano que vem. “O governo não terá discurso para enfrentar eleições municipais. Nas capitais, vejo total dificuldade”, disse Eduardo Cunha.