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Edite de Jesus

Especialista em psicopedagogia clínica e institucional e neurociência.

Email: editejesus@yahoo.com.br 

MEDO DE ERRAR

O contexto atual de pandemia, de certo modo, colocou-nos, frente ao desafio de aprender muitas coisas. Em diferentes graus e de modos muito distintos fomos convocados a realizar coisas antes impensadas, ou redesenhar, redescobrir novas maneiras de fazer o que antes fazíamos de forma corriqueira e natural.  Ocorre, que aprender perpassa muitas vezes por errar. É na tentativa- erro-acerto que a aprendizagem se constrói.  

                                 

Para alguns é em certa medida natural lidar com esse processo, todavia, para outros, isso gera um grande sofrimento. Muitas vezes, passamos por uma educação em que errar é sinônimo de fracasso, e se torna basicamente uma condenação, um rótulo de insucesso.                                                                                        

A ideia não é enaltecer o erro, muito menos fechar os olhos e fingir que eles não existem ou forçar para que pareçam acertos. Mas admitir que eles fazem parte do processo humano e que por meio deles, também, se constroem aprendizagens, diminuindo, inclusive, a possibilidade de repeti-los no futuro.

                      

Um dos maiores danos causados por uma educação que exclui ou condena o erro como um fim em si mesmo, é justamente o fato de que  aumenta a possibilidade que esses erros se repitam, além de construir sujeitos que se paralisam diante dos desafios, já que possuem um grande medo de errar. Como o erro é inerente ao ser humano, vai ocorrer de todo modo, e assim, o sujeito que não aprendeu a lidar com os próprios erros, possivelmente sentirá um fracassado, não se aceitará, o que gera graves consequências.   

              

Estamos diante de um  momento  oportuno para  revisar a própria vida, e buscar compreender como  é reação pessoal frente aos desafios, aos erros, ao novo, ao não saber. Além disso, é importante descobrir como você aprendeu a aprender.                                                                                                                           

Aos pais e mães, há um duplo desafio: revisitar sua história, pensar em seu processo de aprendizagem e perceber-se como eternos aprendizes e para, além disso, cuidar para que ao educar os filhos eles aprendam de modo mais natural e saudável possível.                                                                                                

Nesse momento em que os pais e mães, de certo modo, acumulam a função de educar e colaborar de modo mais intenso com as questões formativas escolares, talvez o maior desafio seja responder a pergunta: qual a melhor forma de ensinar? E embora não haja uma receita, algumas pistas são importantes, especialmente para formar um adulto seguro, equilibrado e autônomo.  Ensine seu (a) filho (a) a ser responsável e não infalível, inclusive permita-o(a) a descobrir onde ainda não construiu um aprendizado, encorajando-o(a) a assumir que é preciso evoluir diante de determinada tarefa, que isso faz parte do processo humano. Peça que analise as falhas e tente encontrar formas de solucioná-las, caso não seja possível mudar a situação para aquele momento, ajude-o a refletir como evitar que essa mesma falha se repita no futuro, já deixando pistas que outras falhas poderão ocorrer e assim ele (a) já estará mais atento. Apresente o erro como transição e não um fim em si mesmo. Portanto, utilize expressões como: ainda não, podemos fazer melhor, não foi dessa vez. Valorize sempre o raciocínio e estimule-o (a) a prosseguir com uma ideia, ainda que aos seus olhos seja simplória demais ou esteja um pouco distante do que se espera,lembre-se que de todo modo, esse pode ser o fio condutor para conduzir ao raciocínio mais apropriado. Fale sobre  sua história, seus erros, o que aprendeu com eles, enfatizando a importância de sempre tentar e nunca desistir. Exercite a paciência e ensine-o (a) a ter paciência. Seja paciente consigo mesmo, porque talvez para você essa também seja uma tarefa de aprendizado em que você poderá falhar, assim estará ensinando pelo exemplo.  Ser paciente, admitir erros não significa ser relapso, deixar as coisas inacabadas, nem tampouco é uma concessão para falhar de propósito, mas é reconhecer-se humano e, portanto, falível. Alcançar essa consciência traz grande oportunidade de tornar-se sábio. Todas as vezes que estamos diante do “não saber”, temos a possibilidade de expandirmos cognitivamente se, ao contrário, temos todas as respostas acertadas diante de tudo que nos for apresentado, significa que não temos mais nada para crescer. E que sentido teria isso à nossa vida?

que escapa a nossa limitada compreensão humana deve ser mergulhada no amor.

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