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Edite de Jesus

Especialista em psicopedagogia clínica e institucional e neurociência.

Email: editejesus@yahoo.com.br 

ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL

 

É comum encontrarmos pais ansiosos para que os seus pequenos descubram as primeiras letras, junte as primeiras sílabas e enfim consigam ler e escrever o quanto antes. Infelizmente, a nossa educação formal tem se preocupado em endossar esse desejo e cada vez mais cedo introduz e incentivar a alfabetização na educação infantil. Pior que estabelecer a leitura e escrita como parte fundamental na primeira infância é a prática de se comparar as crianças que conseguem terminar a educação infantil lendo e escrevendo com as que não alcançaram essas habilidades.                                                                                                                                           

 

É possível que as crianças alcancem também essas habilidades, todavia, não deve ser impostas e nem encaradas como uma obrigação. Quem está inserido no contexto educacional, outros profissionais que trabalham diretamente com aspectos do desenvolvimento infantil e até mesmo leigos, percebem facilmente um número cada vez mais crescente de crianças que são capazes de reconhecer letras e palavras, copiam com certa facilidade, porém, não conseguem organizar o próprio material, tem dificuldade de manter-se em uma rodinha de conversa, não esperam sua vez, tem dificuldades em sustentar a atenção mesmo em um curto espaço de tempo. Tem enorme dificuldade de fazer amizades ou se relacionar, muitas vezes agressivas, tem coordenação motora pouco desenvolvida, apresentam instabilidade emocional, pouca autonomia.                                                                                     

 

Alguns pesquisadores, como o psicólogo Daniel Goleman, mencionam um aumento da inépcia emocional, ou seja, o contrário da inteligência emocional. A nossa educação precisa se preocupar um pouco mais em educar as emoções das nossas crianças e não apenas o seu letramento.                                                                   

 

Sabemos que essa é função primordial da família, mas sabemos também que hoje a interação entre pais e filhos é cada vez menor o que gera uma perda de referências para autoidentidade.  Diante desse quadro é fácil notar as diversas lacunas no processo de desenvolvimento de muitas crianças.                                     

 

É nos primeiros anos de vida que um conjunto de habilidades cognitivas fundamentais para a vida do adulto precisam ser bem construídas, elas são necessárias para controlar nossos pensamentos, nossas emoções e nossas ações. São nomeadas de funções executivas, e se subdividem em três grandes categorias de competências: O autocontrole que corresponde a capacidade de resistir à uma tentação para poder fazer aquilo que é certo. Se bem trabalhada ajuda as crianças a prestar atenção, agir menos impulsivamente e a manter a concentração numa tarefa; A memória de trabalho que á a capacidade de manter as informações na mente, onde elas podem ser manipuladas. Essa habilidade é necessária para realizar tarefas cognitivas, tais como estabelecer uma relação entre dois assuntos, fazer cálculos, estabelecer uma ordem de prioridade entre várias tarefas; A flexibilidade cognitiva que é a capacidade de usar o pensamento criativo e ajustes flexíveis para se adaptar às mudanças. Com essa habilidade bem desenvolvida as crianças tornam–se mais capazes de utilizar sua imaginação e criatividade para resolver problemas.

                                                                                                                                                                           

Pessoas com grande potencial cognitivo podem se tornar um adulto sem grandes perspectivas na vida profissional ou com grandes problemas na vida conjugal e em sociedade se não for alfabetizado emocionalmente.

 

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