top of page

Edite de Jesus

Especialista em psicopedagogia clínica e institucional e neurociência.

Email: editejesus@yahoo.com.br 

ALÉM DO PONTO DE VISTA

 

Ainda que eu optasse por não acompanhar o processo político/ econômico atual do nosso país seria impossível. Primeiro porque é uma enxurrada de informações diuturna em todas as mídias e massivamente atravessa as redes sociais. Confesso que tento ficar um pouco distanciada de certas discussões até porque é necessário muito sangue frio para não ficar nauseada. Enfim, poupei-me até agora de abordar o assunto, todavia, algo para além do que salta a nossos olhos, mexeu comigo ao ponto de decidir trazer à tona o assunto.                                                                                                                    

O que mais me inquieta não é apenas as incoerências políticas que estão escancaradas. Sinto me consternada ao ver amizades enfraquecendo e até mesmo se desfazendo, casais que por opiniões divergentes se estranham, famílias que se dividem e desfalecem, agrupamentos que tem interesses ou professam uma fé comum se distanciarem em nome do ponto de vista que defendem. Ao olhar para essa realidade parece-me que as pessoas esqueceram que a política é acima de muita coisa, ideologia. Eu, você, e cada indivíduo que é em si um ser político, ainda que “apartidário” é dotado de convicções ideológicas e por sermos únicos, ora nossas ideologias podem se cruzar, ora não. É necessário compreendermos isso, caso contrário, haverá uma continuidade de projeções do descontentamento pessoal, na pessoa mais próxima que venha a discordar do nosso ponto de vista. Ora, a luta não deve ser entre nós, mas para nós e por nós. Porém esse “nós” é feito de “eus” e se esses “eus” não estiverem bem estabelecidos, o nós vira um “nó”.                        

 

Enfim, vejo pessoas de bem, comprometidas com outro, se lançar em uma onda de ataques, a pessoas conhecidas ou não, usando termos chulos, pejorativos, brincadeiras e outras formas de expressar opiniões, que na verdade não condiz com aquilo que a pessoa é ou representa. Penso que é preciso cuidar para que ao apontar a falta de “valores” do outro, não estejamos nós mesmos a colocar em xeque os próprios valores. É preciso cuidar para que não assumamos, ser o juiz do outro em função de um ponto de vista apenas.              

 

De modo ainda mais particular, eu convido aos que são cristãos a pensar na palavra de Deus que em Marcos capítulo 10, versículos 42-43a diz: “Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. Entre vós, porém, não será assim.”  

                                                                                                                       

O ponto a que nossa nação chegou, em minha opinião, não traz nenhuma razão a piadas ou comemorações, para qualquer lado que se olha o único sentimento, que é possível de se ter, é constrangimento, tendo em vista, aqueles que teoricamente nos representam. Sabemos que é importante cultivar a esperança em dias melhores, mas fica evidente que não é em pessoas que devemos depositar a nossa confiança e esperança.

bottom of page